sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Opções açoes calma


Aqui está a íntegra do texto da reportagem:

DERIVATIVOS
Possibilidade de ganhos é grande, mas mercado é para quem tem nervos de aço e muita disposição ao risco
Opções estão atraindo pequeno investidor

ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST


Se você não viu, veja agora a reportagem que saiu na Folha de São Paulo, caderno de investimentos (folha Invest), em 15 de maio de 2000

Que tal ganhar 13,60% de rentabilidade num dia só? Pois foi exatamente isso que o professor de matemática Eloy Ferraz Machado Neto, 29, de Rio Claro, interior de São Paulo, conseguiu na quarta-feira, dia 10. Ele fez uma operação com opções -uma modalidade de investimento de alto risco, mas com elevado potencial de lucratividade, que, diferentemente do que se imagina, também vem sendo utilizada por pequenos investidores.

Nessa operação, Machado aplicou R$ 100 em opções de compra de Globo Cabo, na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), e as vendeu no mesmo dia por R$ 120,00. Descontados R$ 4 referentes à corretagem e, depois, mais 15% de Imposto de Renda, a operação resultou em um lucro líquido de R$ 13,60.

"Com R$ 500 é possível fazer uma festa no mercado de opções", brinca Machado. "Hoje em dia, algumas corretoras executam com a mesma eficiência uma ordem de R$ 1 mil ou de R$ 100 mil", afirma o analista de sistemas Charles Eliot Linhares, 46, de Saquarema, litoral do Rio de Janeiro, que também costuma aplicar em opções.

Empolgado? Então, vá com calma. Com as facilidades de comunicação com as corretoras e de acesso a várias fontes de informação proporcionadas pela Internet, há uma tendência de aproximação entre o pequeno investidor e o mercado de opções, mas não a ponto de popularizá-lo. E o motivo é simples: é preciso ter nervos de aço e muita disposição ao risco para comercializar opções.

Regra de ouro

Na quarta-feira, Machado poderia ter aplicado um valor maior, mas não o fez porque aprendeu, na prática, uma regra de ouro desse mercado: não se pode ser ganancioso. "Prefiro entrar e sair com pequenas quantias a apostar um valor alto numa única jogada e perder tudo."

Desde que começou a operar, há seis meses, Machado mais perdeu do que ganhou. "Só não me preocupo, porque considero isso um aprendizado e hoje estou muito mais cauteloso."

As possibilidades de lucros milionários são reais, mas, como diz Linhares, para atuar com opções, o investidor precisar conhecer muito bem o mercado e acompanhá-lo constantemente. "Caso contrário, pode perder tudo."

Linhares começou a aplicar em opções há 15 anos. Nesse período, parou cerca de 12 anos, por falta de tempo, e voltou há aproximadamente oito meses.

Ele não desgruda da Internet e, dependendo da volatilidade do mercado, chega a fazer dezenas de operações em um dia. Na terça-feira, 9, por exemplo, fez 30 operações com Globo Cabo.

Há cerca de 15 dias, Linhares adotou uma nova tática de atuação, que se resume ao seguinte: ele compra aos poucos, quando os preços estão caindo. Assim que efetua a aquisição, já estipula um percentual de ganho de, no máximo 10%, e dá uma ordem de venda.

A sua intenção é testar essa tática por 60 dias. Até agora, todas as vendas resultaram em lucro, e ele já conseguiu recuperar de 15% a 20% dos 35% que havia perdido recentemente.

Violentos


Ao descrever a tática de Linhares, parece tudo muito simples, mas não se iluda. "Os mercados de derivativos são violentos", enfatiza Sérgio Kulikovsky, diretor da corretora Patagon.com. Segundo ele, o investidor deve estar ciente de que, grosso modo, investir R$ 100 em opções de um determinado tipo de ação equivale a aplicar R$ 1.000 no mesmo papel. Se a ação cai 10% no mercado à vista, você perde o equivalente a isso, ou seja, os R$ 100.

"A definição do preço de uma opção é complexa e depende de algumas variáveis, como taxa de juro, prazo, preço do ativo no mercado à vista, preço do exercício e desvio padrão", explica Pedro Scarpa, diretor da Ágora Corretora. Além disso, a volatilidade, que tanto assusta os investidores em ações, é fundamental nesse mercado, acrescenta.

Para Paulo Roberto Garbato, diretor de operações e de desenvolvimento de mercado da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), é preciso analisar as suas necessidades, anseios e, principalmente, a capacidade de assimilar perdas. "Há várias estratégias que podem ser adotadas, mas não é um lugar de lucros fáceis. Quem tem dinheiro contado, não deve entrar sem estar muito consciente dos riscos."

Fundos

Na opinião de Delano Franco, diretor da Dreyfuss Brascan Asset Management, o investidor pessoa física de pequeno porte não deve atuar diretamente com derivativos. "Existem maneiras mais apropriadas de se expor a riscos, como por meio de fundos de investimentos que aplicam nesses mercados." Além disso, ele diz que, a longo prazo, com uma boa carteira de ações, é possível obter lucros tão bons quanto os proporcionados pelos derivativos.




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